Mundo VUCA & BANI – Como o varejo deve se preparar
Para acompanhar a transição entre os dois mundos, empresas do setor precisam implementar mudanças para que não fiquem para trás nesse novo cenário
Criado no período pós-Guerra Fria, o conceito VUCA surgiu para tentar explicar a nova dinâmica de um mundo que surgia naquele momento. O termo foi criado inicialmente por militares norte-americanos, com o objetivo de descrever as transformações sociais ocorridas e de como o exército deveria agir diante de possíveis conflitos. A percepção naquele momento era que o mundo estava volátil, incerto, complexo e ambíguo, cujas iniciais em inglês deram vida a sigla VUCA. Desde então, o termo vinha sendo utilizado para descrever mudanças tecnológicas, culturais, bem como seus reflexos na vida cotidiana das pessoas e empresas. No mundo dos negócios, o termo VUCA se popularizou no ano 2000, momento em que ocorriam importantes transformações tecnológicas nas companhias, assim como a presença do universo digital, que estava em ascensão naquele período.
Já no mundo BANI, aspectos como volatilidade ou complexidade passaram a ser complicadores para entender o que ocorre nos dias atuais. A pandemia da COVID-19 acabou por ser um divisor de águas entre os dois mundos, sendo que antes dela – ainda em 2018 – o antropólogo Jamais Cascio já observava que o mundo VUCA estava ficando ultrapassado. Então, criou-se nesse momento a definição de mundo BANI, marcando a passagem de volátil, incerto, complexo e ambíguo para frágil, ansioso, não linear e incompreensível. Das iniciais em inglês, surgiu a sigla BANI. A pandemia do Coronavírus, que acelerou ainda mais a transformação digital, fez com que esse “novo mundo” fizesse ainda mais sentido e refletisse a realidade das sociedades e empresas desde então.
No universo corporativo, e mesmo entre as empresas varejistas, a verdade é que o conceito BANI tem ajudado as companhias a entenderem que necessitam reagir rapidamente a mudanças, que serão cada vez mais rápidas daqui em diante. A única certeza em um “mundo extremamente incerto”, é que as empresas devem esperar por mais transformações. Dessa forma, o conceito BANI pode e deve nortear a trajetória das companhias varejistas nos tempos atuais, para apontar quais caminhos seguir.
E o que se pode perceber nessa linha de raciocínio é que lidar com esta realidade será algo cada vez mais desafiador daqui em diante. Então, a única saída é se preparar, em busca de se obter uma inteligência de varejo para se adaptar a esse cenário. E alguns caminhos nessa capacitação consistem em trabalhar dentro de uma flexibilidade na operação – principalmente em se tratando da gestão de pessoas – bem como do tempo, além de aspectos como liderança remota e autonomia. Também deve-se desenvolver mais resiliência, empatia, atenção plena e inteligência emocional. É preciso que as redes varejistas se voltem, principalmente, para gestões “mais humanas”
Para combater a fragilidade, que faz parte do cenário do novo mundo BANI, outra saída é adotar estruturas bem distribuídas e investir em capacitação, ferramentas que tornam as organizações mais resilientes, uma vez que empresas são compostas por pessoas. Nessa estratégia, é necessário que os grupos invistam em uma cultura de colaboração entre indivíduos, equipes, departamentos, filiais e unidades de negócios.
Outro aspecto é que em um mundo não linear, planejamentos rígidos ficam defasados. É necessário “mudar o rumo do navio” e rápido, para não perder oportunidades ou manter o negócio competitivo. Essa condição deve nortear a estratégia da atuação das bandeiras varejistas no mercado ou setores em que atuam.
Nessa linha, vemos um exemplo na CVS Health, empresa americana de saúde com drugstores espalhadas pelos EUA, que tomou a decisão corajosa de fechar 900 lojas em todo o país nos próximos anos devido ao que os executivos descrevem como “mudanças no comportamento de compra do consumidor, na população e no futuro das necessidades de saúde”. O plano, segundo a empresa, é tornar os cuidados de saúde mais baratos, acessíveis e convenientes às pessoas.
A direção da empresa analisou as mudanças recentes na população, os novos padrões de compra do consumidor e mesmo necessidades futuras de saúde para procurar garantir que tenha os tipos certos de lojas nos locais certos para os consumidores e para os negócios. Por conta disto a CVS decidiu criar novos formatos de loja para aumentar o envolvimento com os consumidores: O primeiro são os sites dedicados a oferecer serviços de atenção primária à saúde; o segundo são seus HealthHUB em uma versão aprimorada, com produtos e serviços para necessidades diárias de saúde e bem-estar; e o terceiro, suas tradicionais drugstores e farmácias CVS, com varejo de conveniência e serviços de prescrição médica.
Como parte dessa iniciativa, a CVS Health reduzirá a densidade de lojas em alguns locais e fechará aproximadamente 300 lojas por ano nos próximos três anos, oferecendo aos colegas afetados pelos fechamentos funções em outros locais ou diferentes oportunidades como parte de sua estratégia geral de força de trabalho.
Isso mostra que as redes de varejo devem ficar atentas às movimentações dos consumidores, e que não se adapta a elas, pode encarar períodos de dificuldade e ficar atrás da concorrência.
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